quinta-feira, 29 de setembro de 2011

Eu devia ter te matado antes...
Antes que se desenvolvesse dentro de mim e tomasse minha alma, antes que o seu orgulho me ferisse, antes que o seu sorriso me paralisasse, antes que me tornasse prisioneira desse jogo, antes que chorasse ser por raiva, quando no fundo eu sei o real motivo.
Eu devia ter te amado menos, assim tu nunca teria se transformado nesse monstro, seguro e cruel que acaba me dilacerando aos poucos.
Meu erro foi me doar tanto, te dar carinho.Nunca deve ter tido tanto afeto em sua vida.
Meu erro foi te esperar e te desejar com tanta vontade e ardor.
Antes de te matar, eu que acabei morrendo...
Morrendo com o meu veneno.
Mostrar-se forte, ser forte, permanecer forte.
Mas quem vai me salvar quando a ,dor parecer infinita?
O vazio e o buraco que existem dentro de mim, no meu intimo, eu comparo a um cancer, que devorou todo o meu interior e eu estou morrendo, meus sinais vitais sinto cada vez mais fracos..
Mas eu estou forte, sou forte.
Sabe tudo que havia sobre ti dentro de mim?
Eu tranformei em cinzas.
O gosto, a textura, o cheiro, as palavras, o seu bairro, seu telefone, tudo virou cinza.
O mix de sentimentos, os arrepios, o abstrato, as incertezas, a certeza, a paz, as alegrias, o seu sorriso, o meu juramento.
Tudo isso foi embora, com a nuvem escura que se formou enquanto eu observava o fogo consumir tudo aquilo que eu alimentei e criei. A chama que eu vi, despertou os meus sentimentos mais ocultos e por uns minutos, senti que estava mesmo te expulsando da minha vida.
Mas mesmo depois de ver as cinzas e ter a certeza de que havia queimado tudo.
Ainda me lembrava, tudo continuava aceso dentro de mim.
Eu ainda me lembro, ainda sinto seu cheiro, seu gosto, lembro da textura, das palavras.
Nada virou cinza, a chama continua acesa.
E eu continuo aqui.
Um copo caiu e se partiu, de repente o que era oculto se viu.
E o reflexo amedrontador que todos viram nem ao menos se parecia com a superficie.
Talvez a superficie seja o oposto do interior.
Talvez o interior seja uma parte minima ou a parte completa, que se sufoca e esconde.
Podendo ser visto apenas por quem sente.