sábado, 12 de novembro de 2011

As flores crescem há tanto tempo, eu nem sei mais se é real ou se eu criei.
Criei...
Acreditei...
Com o tempo se torna muito difícil conviver com os seus medos, seus fantasmas, seus erros, suas lembranças, suas lágrimas.
É sempre mais fácil viver uma farsa, criar alguém inexistente, sentir o que ninguém sente, viver uma outra vida, outra realidade.
O que foi criado torna-se mesmo real, ocupando o espaço do criador.
O que pode nem ser notado, é tudo muito rápido, e ao mesmo tempo lento e os dois tornam-se um.
Um total cheio de fragmentos, faltam pedaços, sobram pedaços, há muitos espaços, mas as peças se perderam. As sombras persistem, a falta faz com que a falta suma e o eco só o que representa ouve, a alma está surda, os olhos fechados.
Mesmo com a luz acesa,todas elas, o escuro persiste, mas o medo deixou de existir, o escuro te abraça e te transmite uma paz que a claridade esqueceu de exercer, ela te deu as costas, também cansou e desistiu. Mas mesmo de olhos fechados é fácil encontrar a porta, faz tanto tempo que o criador está no escuro, que talvez tenha esquecido como é viver na claridade, mas ele sente falta do girassol e de todas as flores amarelas.
O plano era outro, o destino virou de ponta cabeça e as idéias se misturaram, mas pra sair do escuro nem será preciso abrir a porta, basta abrir os seus olhos, assim a alma conseguirá ouvir. O céu ainda vai estar cheio de nuvens carregadas, mas da janela conseguirá notar o sol surgindo, mais luminoso do que nunca, e mesmo que as lágrimas caiam, vai ser de alegria, já que a chuva passada conseguiu lavar todas as impurezas. Os olhos só falam a verdade e se for pra chorar que seja, o oculto sempre consegue mostrar mais do que se possa imaginar e os litros de água nao conseguem acabar com a sede que persiste, a garganta está seca e arranhada, e nenhum som sai dela, os gritos foram abafados envenenando o seu interior.
E mesmo que o amor tente ajudar os outros sentimentos impedem. Nem as frases conseguem mais se completar, elas discordam entre si, pois há uma briga constante e desconhecida, na verdade nem devem entender. No fundo tudo é muito diferente.